Confira a sinopse e a justificativa do enredo da Boi da Ilha do Governador

03-09-2012 03:40

 

JUSTIFICATIVA DO ENREDO

O GRES BOI DA ILHA DO GOVERNADOR, no carnaval 2013, vem mais uma vez enaltecer um pedaço da África e apresentar a simbologia das “máscaras” para este povo.
As máscaras têm muito préstimo e são consideradas as obras com maior valor entre todas as obras de arte africana. Elas contêm em si o poder do homem ou das divindades que representam, e é por meio delas que este poder se torna presente e transmite aos homens que as usam.
Os diversos povos africanos, através das suas manifestações artísticas, possibilitaram aos ocidentais uma nova concepção de arte e do belo, que será apresentada neste carnaval.

SINOPSE DO ENREDO

As "máscaras" são as formas mais conhecidas da plástica africana. Constituem síntese de elementos simbólicos mais variados, se convertendo em expressões da vontade criadora do africano.
Cada máscara é um livro de magia aberto que fascina, que suscita a curiosidade, pois nos convida a decifrar a mensagem revelada.
As máscaras são bastante utilizadas em rituais, evocam características e energias dos seres que representam. Para alguns povos, o espírito do elemento representado ali se encarna em quem utiliza a máscara, estabelecendo, naquele momento, uma sagrada relação de participação mística. Elas podem purificar, proteger ou assombrar, transmitindo mensagens dos espíritos para as pessoas e acompanham os homens na guerra, na caça e nos trabalhos no campo.
O ato estético e simbólico de mascarar – transformar, intervir na imagem do rosto, da cabeça, de todo o corpo – pressupõe o uso de peça convencionalmente preparada para tal finalidade, podendo ainda receber acréscimos de roupas, pinturas, acessórios de mão, instrumentos musicais e ambientação de vários contextos.
Quando esculpidas, as máscaras africanas não representam fielmente rostos humanos como em outras sociedades; e sim, nas suas representações elas vão transcender o plano terreno, elas são produzidas de forma que se perceba a sua ligação com o sobrenatural, com o divino. Mas, para as máscaras alcançarem o seu significado aqui na terra, elas precisarão do corpo humano, é o corpo desse ser que irá intermediar essa relação entre o mundo físico e o espiritual.
O escultor africano não tem o mesmo desejo que o escultor contemporâneo que sente necessidade de colocar sua assinatura na obra. Na África, a obra de arte não é propriedade de um escultor, mas é a expressão de uma etnia, de um povo e da divindade que utiliza a mão do artista para nela pousar sua essência espiritual num objeto.
As máscaras africanas encantaram e influenciaram o pintor espanhol Pablo Picasso, quando percebeu de imediato sua importância, não as considerando apenas peças esculpidas, mas dotadas de certa magia. Deve-se muito a Picasso essa mudança de mentalidade, pois após a sua apropriação as máscaras passaram a ser vistas pela comunidade europeia como detentoras de valor estético. Picasso dizia que o "vírus" da arte africana o tinha contagiado.
O significado das máscaras é muito difícil de ser compreendido pelos não-africanos, justamente porque nelas residem muitas fantasias, misticismo e magia que exprimem o modo de pensar das sociedades tribais africanas.
 

Santana Hofstatter
(Carnavalesco)
 

Mônica Barbato
(Carnavalesca Assistente)